sexta-feira, 24 de junho de 2011



Ofertório

Lânguida,
a tua mão acaricia-te
no silêncio branco da noite.

Pegas em sonhos ávidos
e metes na boca
o sabor quente a canela,
que mascas na passarela do enlevo.

Percorres-te debaixo da pele
e, de ti, conquistas o céu.

Incandescente,
sorves a polpa despida,
sonhada e roliça,
tal como as raízes do oásis
procuram a água.

Ofereces-te num altar,
em fragmentos de seiva,
e és total em cada parte.

Depois,
mansamente,
guardas os bem-me-queres
no sacrário da mente,
até que rebentem de novo.

(Nilson Barcelli)

Nenhum comentário:

Postar um comentário