sexta-feira, 24 de junho de 2011

Anjo, Serpente

Em que outros sonhos teu amor se esconde
do meu sonho? Onde o céu, a cova, ou cais
para o encontro fatal? Quem me responde?
Os deuses, creio, não nos falam mais...

Talvez o céu esteja em ti... Mas, onde?
a cova em ti, talvez funda demais...
Perto de ti, talvez, sem rumo, ronde
a nave, sem do porto achar sinais.

Anjo, serpente ou nave - o que procura
em ti? O porto incerto, a cova impura,
o céu onde gozar o amor sem fim?

Se acaso não possuis, do céu, a chave:
não dês pouso à serpente ou porto à nave,
para que o anjo permaneça em mim.

(Maria Braga Horta)

Nenhum comentário:

Postar um comentário