segunda-feira, 11 de julho de 2011



Lágrimas ocultas















Se me ponho a cismar em outras eras


Em que ri e cantei, em que era querida,


Parece-me que foi noutras esferas,


Parece-me que foi numa outra vida...






E a minha triste boca dolorida,


Que dantes tinha o rir das primaveras,


Esbate as linhas graves e severas


E cai num abandono de esquecida!






E fico, pensativa, olhando o vago...


Toma a brandura plácida dum lago


O meu rosto de monja de marfim...






E as lágrimas que choro, branca e calma,


Ninguém as vê brotar dentro da alma!


Ninguém as vê cair dentro de mim!














Florbela Espanca

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